fbpx

Somos todos um

Tudo que eu faço impacta no todo. Assim, eu também sou você e você sou eu. Não existe “fora”. A ideia do “eu” separado do “nós” é uma grande ilusão. 

Em 2019 uma pessoa em Wuhan, na China, adoeceu. Bem, e o  Brasil com isso? Podemos escolher pensar que “nada, afinal, o que tenho a ver com um ser do outro lado do planeta”? Meses depois o mundo todo precisou ficar trancado em casa e milhares de pessoas morreram. Quer prova maior de que a tua atitude aqui impacta, em algum nível, o todo? 

Eu acredito e procuro viver isso em cada passo que dou. 

Foi (e é) extremamente desafiador ter internalizado essa filosofia africana (UBUNTU)  e me deparar com a realidade do judiciário hoje. A ideia que se tem é de vítima e algoz, de separatividade.

Ainda se sustenta o pensamento de que “causa ganha” significa que alguém vai necessariamente sair perdendo. Que advogado bom mesmo é aquele que acaba com a vida da outra parte. 

Há quem pense que justiça ainda se faz no olho por olho e dente por dente.

Prefiro acreditar e viver o “Somos todos um” na prática, todos os dias. Entendendo que a depender de como eu tratar um caso de guarda, por exemplo, eu posso prejudicar muito uma relação familiar. 

Entendendo que esse conflito de ego entre advogados e magistrados só nos afasta da essência de justiça: trazer equilíbrio para as relações. É a isso que servimos.

Não existe eu separado do nós. Não existe atitude de um advogado – seja positiva ou negativa – que não impacte em todo o sistema de justiça de um país. 

É fácil? Não. Com certeza não. É bem desafiador, exatamente todos os dias, a todo instante. É o orai e vigiai constante de atitudes e pensamentos. Mas vale muito a pena!

Eu sou porque nós somos. Ubuntu.

Será que você sabe até onde vai por amor aos seus pais?

“É só o amor que conhece o que é verdade”

Renato Russo já cantava os caminhos do direito sistêmico há tempos!

Mas, por qual razão uma advogada está falando de AMOR?

Bem, é justamente por isso! Por ser ADVOGADA.

Na atuação jurídica fica muito nítido o quanto somos essencialmente movidos por amor, ainda que seja de forma desordenada, sempre somos movidos por AMOR.

Exemplo de amor desordenado: Um filho é criado apenas pela mãe. Pois o pai foi preso quando ele ainda era muito jovem.

Essa criança cresceu ouvindo que aquele não era um bom pai. Que nada do que vinha dele deveria ser respeitado ou admirado.

E é aí que as coisas começam a complicar… Pela filosofia de Bert Hellinger, somos 50% nosso pai e 50% nossa mãe. Quando alguém nos diz que um dos nossos genitores “não presta”, é como se estivesse dizendo que metade da nossa alma, da nossa essência não presta. É como se 50% de nós fosse excluído.

Só que o campo familiar não permite que isso aconteça, pela lei sistêmica do pertencimento, é preciso que se dê um bom lugar a cada um do nosso grupo familiar dentro do nosso coração, ou situações irão dar conta de fazer com que esse lugar seja ocupado de forma desordenada.

No exemplo acima, é muito provável que o filho, por amor e respeito ao pai que teve seu direito de pertencer negado no sistema familiar, replique comportamentos e hábitos dele, demonstrando, com isso, que aquele pai é importante e que merece ter seu lugar na família.

Bem, é aí que começam os conflitos e os reflexos no judiciário.

Nosso sistema punitivista atual (que já não funciona mais) não está preparado pra isso. E é por isso que estamos aqui, pra atuar de forma sistêmica e integrada. O direito sistêmico, nas palavras de seu criador, o juiz Sami Storch, é justamente isso: trazer consciência para o amor.

Então como seria a aplicação sistêmica no caso acima?

Bem, o papel dos operadores do direito é de aplicar a norma ao caso, e não pré-julgar alguém. Mas, será que é isso mesmo que vemos acontecer? Se alguém teve uma conduta que violou o ordenamento jurídico, é preciso que seja responsabilizado de forma consciente para que tenha a oportunidade de aprender com seus erros. Mas isso não o invalida como ser humano, e não cabe à nós julgar o destino de ninguém!

E se fosse com você? Bom… mas isso é impossível!

Será? Quantas vezes você ouviu “Olha só, tá agindo igual seu pai!”

A diferença talvez seja o tipo penal/civil, apenas. hehe.

O que você tem a ver com a Princesa Isabel?

Não é notícia do sensacionalista, e você não leu errado!
124 anos depois, o processo movido pela própria Princesa Isabel chegou ao fim no STF, a família Orleans e Bragança alega na Justiça que o governo não a indenizou pela tomada do Palácio Guanabara, no RJ, logo após a proclamação da República.


A parte triste é que o núcleo dessa piada que já vem pronta é o sistema judiciário brasileiro.


Esse tipo de notícia reafirma o estigma de um sistema falido.

Mas como eu insisto que tudo tem um lado bom, é só treinar o teu olhar que tu vai perceber… Será que tudo tem que ficar exatamente do jeito que está?


Prefiro pensar que toda e qualquer situação vem para nos dar uma oportunidade de evoluir o ser.


Mas, Mariel, que diabos um processo que dura 124 anos e não tem resultado nenhum tem pra me ensinar?

É que talvez amanhã esse seja o teu processo. E aí, como vai ser?


O sistema que levou todos esses anos pra concluir o processo da Princesa Isabel é o mesmo que vai julgar aquele teu pedido de pensão alimentícia amanhã.


E agora?

Aí que tá, rapaz! Sabia que existe uma forma disso não acontecer, e ela começa em ti? Sim, é isso mesmo, minha senhora! Não é magia, é tecnologia! Tecnologia da alma: Direito Sistêmico.
Já ouviu falar?


Pois é, a partir da atuação sistêmica todas as partes e envolvidos são trazidas pra compor a própria solução pro conflito, e isso faz com que o processo não se arraste por anos e anos com uma disputa sem cabimento e jogo de ego pra lá e pra cá procurando “provar” que tem mais “razão”.

Ele foi criado pelo juiz Sami Storch a partir da necessidade que ele viu em contribuir de uma forma colaborativa e efetiva no sistema judicial, e não ser mais um mero operador do direito que se contenta com o marasmo do judiciário.

O Sami vai na contra-mão da síndrome de Gabriela (Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…) e nos mostra que a transformação que queremos ver no mundo começa em nós! (Eu sei, isso é Gandhi, e ele também é uma das nossas bases mais sólidas do pensamento sistêmico!).
E como identificar o direito sistêmico nessa situação específica?
Vamos lá!

Pro direito sistêmico, baseado nas leis de Bert Hellinger, tudo importa! Nada pode ser exluído, banido do sistema sem que seja feito da forma correta: com respeito, reverência e gratidão.

Antes de se tornar o palácio Guanabara o imóvel se chamava Paço Isabel, pois era a residência da Princesa Isabel e do Conde d’Eu.
O casal comprou a casa de José Machado Coelho em 1864, com o dote dado pelo Estado para o casamento da princesa.

Em 1889, o decreto 78-A, do marechal Deodoro da Fonseca, BANIU (primeiro fato importantíssimo para o direito sistêmico) do território o imperador “Pedro de Alcântara e sua família” – e CONSIDEROU EXTINTAS TODAS AS DOTAÇÕES da família.

Dois anos depois, o decreto 447, de 18 de julho de 1891, estabeleceu providências relativamente aos bens que constituíam o dote da agora ex-princesa Isabel. No decreto constava:

“Art. 1º Ficam incorporados aos próprios nacionais todos os bens que constituíam o dote ou patrimônio concedido por atos do extinto regime à ex-princesa imperial D. Isabel, Condessa d’Eu; bem assim o imóvel denominado Palacete Leopoldina – e sito à rua Duque de Saxe.”

Percebe?
O que se exlcui, retorna.
O que se aceita, se liberta.

Essa é uma máxima sistêmica que pode ser considerada nesse caso.
A outra é a lei do pertencimento.
Em linhas muito gerais, pra lei do pertencimento tudo que se quer é ser amado e valorizado dentro do sistema. Quando isso não ocorre, o “campo” dá um jeito de fazer isso acontecer. Como? Fazendo questão de arrastar um processo por 124 anos, por exemplo.

A família de Orleans e Bragança se sentia (e se sente) pertencente ao nosso país, essa exclusão abrupta do sistema não foi bem aceita, e assim é com o sistema de todo mundo, seja ele da monarquia ou não.

Percebemos na atuação do direito de família, por exemplo, que uma das formas de manter o pertencimento dentro de um sistema familiar é brigar por anos e recorrer o quanto puder em um processo judicial. Quanto mais tempo brigando, mais se intensifica o vínculo com a outra parte. Quando a briga acaba, o laço se rompe e se liberta.
Não é louco?

“Mas eu estava com a melhor das intenções” Será?

O que é uma boa intenção? Quem determina o que é bom ou ruim em uma causa, seja jurídica ou não?

Aliás, quem sou eu pra determinar que a MINHA intenção era realmente a melhor pra aquele caso?

De que lugar eu falo isso? De um lugar de humildade ou de arrogância?

Não importa quais sejam as minhas intenções para o caso, o que interessa são as escolhas e intenções do cliente. Advogado não intenciona: procura equilíbrio entre os envolvidos adequando os interesses à legislação. Essa é a verdadeira justiça, bem diferente daquele ideal de vingança que permeia o imaginário comum. 

A minha intenção pode ser a melhor, mas se eu contaminar a autonomia de vontade dos envolvidos no processo com a minha intenção, é o começo do fim.

Quando me percebo intencionando? Toda vez que vou pra um lugar de decidir pelo meu cliente aquilo que considero bom pra ele. Isso é de uma arrogância sem fim. Ninguém mais além do cliente sabe o que é melhor pra si, se isso vai estar adequado com a legislação ou não, aí sim entra o papel do operador do Direito. Mas entra em um lugar de mostrar os caminhos possíveis de serem seguidos a partir da intenção daquele que busca a nossa ajuda, e não o contrário.

Se uma mãe diz que o melhor é não entrar em acordo com o ex-marido, pai de seus filhos, a respeito da pensão alimentícia pois ela não tem mais confiança nele, não sou eu que vou intencionar dizendo que ela precisa fazer isso a qualquer custo e empurrar um acordo goela abaixo. Esse não é o meu lugar.