“Mas eu estava com a melhor das intenções” Será?
O que é uma boa intenção? Quem determina o que é bom ou ruim em uma causa, seja jurídica ou não?
Aliás, quem sou eu pra determinar que a MINHA intenção era realmente a melhor pra aquele caso?
De que lugar eu falo isso? De um lugar de humildade ou de arrogância?
Não importa quais sejam as minhas intenções para o caso, o que interessa são as escolhas e intenções do cliente. Advogado não intenciona: procura equilíbrio entre os envolvidos adequando os interesses à legislação. Essa é a verdadeira justiça, bem diferente daquele ideal de vingança que permeia o imaginário comum.
A minha intenção pode ser a melhor, mas se eu contaminar a autonomia de vontade dos envolvidos no processo com a minha intenção, é o começo do fim.
Quando me percebo intencionando? Toda vez que vou pra um lugar de decidir pelo meu cliente aquilo que considero bom pra ele. Isso é de uma arrogância sem fim. Ninguém mais além do cliente sabe o que é melhor pra si, se isso vai estar adequado com a legislação ou não, aí sim entra o papel do operador do Direito. Mas entra em um lugar de mostrar os caminhos possíveis de serem seguidos a partir da intenção daquele que busca a nossa ajuda, e não o contrário.
Se uma mãe diz que o melhor é não entrar em acordo com o ex-marido, pai de seus filhos, a respeito da pensão alimentícia pois ela não tem mais confiança nele, não sou eu que vou intencionar dizendo que ela precisa fazer isso a qualquer custo e empurrar um acordo goela abaixo. Esse não é o meu lugar.
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