Não é notícia do sensacionalista, e você não leu errado!
124 anos depois, o processo movido pela própria Princesa Isabel chegou ao fim no STF, a família Orleans e Bragança alega na Justiça que o governo não a indenizou pela tomada do Palácio Guanabara, no RJ, logo após a proclamação da República.
A parte triste é que o núcleo dessa piada que já vem pronta é o sistema judiciário brasileiro.
Esse tipo de notícia reafirma o estigma de um sistema falido.
Mas como eu insisto que tudo tem um lado bom, é só treinar o teu olhar que tu vai perceber… Será que tudo tem que ficar exatamente do jeito que está?
Prefiro pensar que toda e qualquer situação vem para nos dar uma oportunidade de evoluir o ser.
Mas, Mariel, que diabos um processo que dura 124 anos e não tem resultado nenhum tem pra me ensinar?
É que talvez amanhã esse seja o teu processo. E aí, como vai ser?
O sistema que levou todos esses anos pra concluir o processo da Princesa Isabel é o mesmo que vai julgar aquele teu pedido de pensão alimentícia amanhã.
E agora?
Aí que tá, rapaz! Sabia que existe uma forma disso não acontecer, e ela começa em ti? Sim, é isso mesmo, minha senhora! Não é magia, é tecnologia! Tecnologia da alma: Direito Sistêmico.
Já ouviu falar?
Pois é, a partir da atuação sistêmica todas as partes e envolvidos são trazidas pra compor a própria solução pro conflito, e isso faz com que o processo não se arraste por anos e anos com uma disputa sem cabimento e jogo de ego pra lá e pra cá procurando “provar” que tem mais “razão”.
Ele foi criado pelo juiz Sami Storch a partir da necessidade que ele viu em contribuir de uma forma colaborativa e efetiva no sistema judicial, e não ser mais um mero operador do direito que se contenta com o marasmo do judiciário.
O Sami vai na contra-mão da síndrome de Gabriela (Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…) e nos mostra que a transformação que queremos ver no mundo começa em nós! (Eu sei, isso é Gandhi, e ele também é uma das nossas bases mais sólidas do pensamento sistêmico!).
E como identificar o direito sistêmico nessa situação específica?
Vamos lá!
Pro direito sistêmico, baseado nas leis de Bert Hellinger, tudo importa! Nada pode ser exluído, banido do sistema sem que seja feito da forma correta: com respeito, reverência e gratidão.
Antes de se tornar o palácio Guanabara o imóvel se chamava Paço Isabel, pois era a residência da Princesa Isabel e do Conde d’Eu.
O casal comprou a casa de José Machado Coelho em 1864, com o dote dado pelo Estado para o casamento da princesa.
Em 1889, o decreto 78-A, do marechal Deodoro da Fonseca, BANIU (primeiro fato importantíssimo para o direito sistêmico) do território o imperador “Pedro de Alcântara e sua família” – e CONSIDEROU EXTINTAS TODAS AS DOTAÇÕES da família.
Dois anos depois, o decreto 447, de 18 de julho de 1891, estabeleceu providências relativamente aos bens que constituíam o dote da agora ex-princesa Isabel. No decreto constava:
“Art. 1º Ficam incorporados aos próprios nacionais todos os bens que constituíam o dote ou patrimônio concedido por atos do extinto regime à ex-princesa imperial D. Isabel, Condessa d’Eu; bem assim o imóvel denominado Palacete Leopoldina – e sito à rua Duque de Saxe.”
Percebe?
O que se exlcui, retorna.
O que se aceita, se liberta.
Essa é uma máxima sistêmica que pode ser considerada nesse caso.
A outra é a lei do pertencimento.
Em linhas muito gerais, pra lei do pertencimento tudo que se quer é ser amado e valorizado dentro do sistema. Quando isso não ocorre, o “campo” dá um jeito de fazer isso acontecer. Como? Fazendo questão de arrastar um processo por 124 anos, por exemplo.
A família de Orleans e Bragança se sentia (e se sente) pertencente ao nosso país, essa exclusão abrupta do sistema não foi bem aceita, e assim é com o sistema de todo mundo, seja ele da monarquia ou não.
Percebemos na atuação do direito de família, por exemplo, que uma das formas de manter o pertencimento dentro de um sistema familiar é brigar por anos e recorrer o quanto puder em um processo judicial. Quanto mais tempo brigando, mais se intensifica o vínculo com a outra parte. Quando a briga acaba, o laço se rompe e se liberta.
Não é louco?